Mário Lino, em registo stand-up non comedy
As únicas coisas que parecem faltar a Mário Lino são uma furgoneta, umas colunas roufenhas e um microfone em riste à frente da sua boca, fixo por qualquer objecto metálico preso ao pescoço, se possível, envolto por um lenço (o microfone, claro), na sua tentativa de vender a "banha da Ota".
E é que o homem não desarma.
Há uns dias, foi na Ordem dos Engenheiros que ele, em registo stand-up comedy, fez a piada de, ao contrário de uns e outros, que até podem ser seus patrões, ele tem "a escola toda", fazendo furor na assistência, num retumbante sucesso - pelo menos, na cabeça dele.
Desta vez, foi num almoço na Ordem dos Economistas. E aqui começa o problema: ele só deve fazer encontros em que tem que falar em público antes ou durante o pequeno almoço, no máximo, até ao almoço. É que depois disso, ele apresenta-se sempre, clara e amplamente, intoxicado.
O menu servido pelo Ministro das Obras Públicas consistia no «humor negro», mas esquecendo a primeira palavra, pelo que restaram só os tons do breu da noite.
Primeiro a afirmação de que «a margem sul é um deserto» - na qual Mário Lino, sempre com a sua real vocação em mente, decide usar mais um truque humorístico: a hipérbole até ao absurdo. Ficamos, então, com a ideia que a margem sul é comparada ao deserto do Sárá (sic) e que não há escolas, hospitais, hóteis... nem clubes de humor onde ele possa expor os seus talentos.
Mas, depois veio o horror, negro, uma daquelas frases em que, no seu final, só se ouve o "falar" dos grilos e corujas. Segundo Mário Lino, há pessoas que andam por aí com bom aspecto, bons dentes, etc., mas têm um pequenino problema: um cancro nos pulmões e, à conta disso, 3 meses de vida. Em contraponto com este caso, há pessoas outras que «já não têm um braço, perderam uma perna, andam todos tortos...» (e disse isto acompanhado com gestos e sem se rir, o que prova o profissionalismo deste comediante), mas que resistem.
Recapitulando, para as pessoas para quem já o cérebro cessou de se mover:
- a margem sul é como que um deserto, sem nada, e, ainda que ostente bom aspecto, bons dentes, belos biceps e triceps, possui um cancro e pouco tempo de vida;
- a Ota está toda torta, já lhe faltam membros - e dentes, por certo, também -, mas ainda tem a sua vida, continua a lavar-se, sai de casa para ir à venda e tomar o seu café e não falta à missa das 9.00h de Domingo, pelo que pode levar com um aeroporto em cima. Pelo menos, não tem cancro, porra!
O problema neste imbricado raciocínio é que - já se sabe como é a população sénior - essas pessoas (todas tortas, desmembradas e desdentadas) perdem a autonomia e, no melhor dos casos, acabam por ser enfiadas num lar de repouso, no pior, só desejam a descriminalização da eutanásia...
E é que o homem não desarma.
Há uns dias, foi na Ordem dos Engenheiros que ele, em registo stand-up comedy, fez a piada de, ao contrário de uns e outros, que até podem ser seus patrões, ele tem "a escola toda", fazendo furor na assistência, num retumbante sucesso - pelo menos, na cabeça dele.
Desta vez, foi num almoço na Ordem dos Economistas. E aqui começa o problema: ele só deve fazer encontros em que tem que falar em público antes ou durante o pequeno almoço, no máximo, até ao almoço. É que depois disso, ele apresenta-se sempre, clara e amplamente, intoxicado.
O menu servido pelo Ministro das Obras Públicas consistia no «humor negro», mas esquecendo a primeira palavra, pelo que restaram só os tons do breu da noite.
Primeiro a afirmação de que «a margem sul é um deserto» - na qual Mário Lino, sempre com a sua real vocação em mente, decide usar mais um truque humorístico: a hipérbole até ao absurdo. Ficamos, então, com a ideia que a margem sul é comparada ao deserto do Sárá (sic) e que não há escolas, hospitais, hóteis... nem clubes de humor onde ele possa expor os seus talentos.
Mas, depois veio o horror, negro, uma daquelas frases em que, no seu final, só se ouve o "falar" dos grilos e corujas. Segundo Mário Lino, há pessoas que andam por aí com bom aspecto, bons dentes, etc., mas têm um pequenino problema: um cancro nos pulmões e, à conta disso, 3 meses de vida. Em contraponto com este caso, há pessoas outras que «já não têm um braço, perderam uma perna, andam todos tortos...» (e disse isto acompanhado com gestos e sem se rir, o que prova o profissionalismo deste comediante), mas que resistem.
Recapitulando, para as pessoas para quem já o cérebro cessou de se mover:
- a margem sul é como que um deserto, sem nada, e, ainda que ostente bom aspecto, bons dentes, belos biceps e triceps, possui um cancro e pouco tempo de vida;
- a Ota está toda torta, já lhe faltam membros - e dentes, por certo, também -, mas ainda tem a sua vida, continua a lavar-se, sai de casa para ir à venda e tomar o seu café e não falta à missa das 9.00h de Domingo, pelo que pode levar com um aeroporto em cima. Pelo menos, não tem cancro, porra!
O problema neste imbricado raciocínio é que - já se sabe como é a população sénior - essas pessoas (todas tortas, desmembradas e desdentadas) perdem a autonomia e, no melhor dos casos, acabam por ser enfiadas num lar de repouso, no pior, só desejam a descriminalização da eutanásia...