27.6.08

O exame de História

Com o regresso dos exames nacionais, regressam também as críticas à facilidade das provas. Com elas - dizem os críticos - qualquer analfabeto se transforma num candidato a doutor.

No Incontinental, há muito tempo que acompanhamos este problema. Em anos anteriores, já demos conta de provas de Português, Química e Biologia.

Agora, foi a prova de História que deu origem a grossa polémica. Alguns críticos fizeram notar que certas perguntas consistiam apenas em encontrar a resposta num texto.

Para que cada um possa julgar por si, aqui reproduzimos o dito exame, em rigoroso exclusivo.


EXAME NACIONAL DE HISTÓRIA

I.

rex1 Em 1143, celebrou-se o Tratado de Zamora, entre D. Afonso Henriques e D. Afonso VII. Algumas pessoas assistiam, curiosas. Duas delas comentavam entre si:

- Acabou-se o condado! Agora temos um reino, o reino de Portugal!

- E ali está o nosso primeiro rei.

- Como se chama ele, afinal?

- D. Afonso Henriques!!!

- Como?

- D. Afonso Henriques!!!

- D. Afonso Henriques?

- D. Afonso Henriques! Primeiro rei de Portugal!

- Rei de Portugal, dizes tu...

- Rei de Portugal, D. Afonso Henriques.

- O primeiro, não é?

- Sim, o primeiro rei de Portugal.

- Que grande ano para nós!

- Referes-te a este ano?

- Sim, sim, refiro-me a 1143.

- 1143! Grande ano este, de 1143..."


A partir deste texto identifique:

1) O país em que vive.

2) O nome do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques.

3) O ano que marcou a independência.


II.

As invasões francesas aconteceram no início do século XIX (dezanove). Responsáveis por elas foram os franceses. Na primeira invasão francesa, um general chamado Louis Henri Loison stressava bué todo o povo e era maneta. Dessa altura ficou a expressão "ir p'ró maneta".


Partindo deste texto, escolha a resposta correcta à seguinte pergunta: "Quem era maneta?"

a) O Loison maneta.

b) Todo o povo.

c) "Eh, eh!... Maneta!..."


Cotação das perguntas e grelha de correcção

Do grupo I:

1) A pergunta vale 4 valores. O aluno deve escrever Portugal, tendo, nesse caso, a cotação completa. Caso se limite a sublinhar, no texto, a palavra "Portugal", a resposta deverá ser classificada com apenas 3,5 valores. Se a resposta não for Portugal mas, ainda assim, for o nome de um país, serão atribuídos 3 valores.

2) A pergunta vale 5 valores. O aluno deve escrever "D. Afonso Henriques" para obter a cotação completa. Se não conseguir, deve ser premiada pelo esforço com a mesma cotação, para evitar contrariedades, porque as crianças e jovens têm direito a sorrir e brincar. O sorriso e a brincadeira são o combustível da alegria dos mais novos, que os adultos não podem prejudicar, com a sua obsessão pela disciplina. [Com a colaboração de Eduardo Sá.]

3) A pergunta vale 7 valores (é a mais difícil do grupo). A correcção deve, aqui, ser muito rigorosa, não sendo cotada com mais de 6 valores qualquer outra resposta numérica.


Do Grupo II:

A resposta certa é a "a)", mas a mais divertida é a "c)". A "b)" é improvável, mas agora já não há maneira de saber se é verdadeira ou falsa. Neste grupo, não há propriamente cotação, porque seria excessivo fazer o aluno passar por (ainda mais) classificações, depois de ser posto à prova no primeiro grupo.


Nota final: quem estranhar a prova não estar cotada para 2o valores (uma vez que 4+5+7 = 11), saiba que os 12 valores restantes são sempre atribuídos à partida, ao abrigo do princípio da "classificação mínima garantida".