O exame de História
Com o regresso dos exames nacionais, regressam também as críticas à facilidade das provas. Com elas - dizem os críticos - qualquer analfabeto se transforma num candidato a doutor.
No Incontinental, há muito tempo que acompanhamos este problema. Em anos anteriores, já demos conta de provas de Português, Química e Biologia.
Agora, foi a prova de História que deu origem a grossa polémica. Alguns críticos fizeram notar que certas perguntas consistiam apenas em encontrar a resposta num texto.
Para que cada um possa julgar por si, aqui reproduzimos o dito exame, em rigoroso exclusivo.
EXAME NACIONAL DE HISTÓRIA
I.
Em 1143, celebrou-se o Tratado de Zamora, entre D. Afonso Henriques e D. Afonso VII. Algumas pessoas assistiam, curiosas. Duas delas comentavam entre si:
- Acabou-se o condado! Agora temos um reino, o reino de Portugal!
- E ali está o nosso primeiro rei.
- Como se chama ele, afinal?
- D. Afonso Henriques!!!
- Como?
- D. Afonso Henriques!!!
- D. Afonso Henriques?
- D. Afonso Henriques! Primeiro rei de Portugal!
- Rei de Portugal, dizes tu...
- Rei de Portugal, D. Afonso Henriques.
- O primeiro, não é?
- Sim, o primeiro rei de Portugal.
- Que grande ano para nós!
- Referes-te a este ano?
- Sim, sim, refiro-me a 1143.
- 1143! Grande ano este, de 1143..."
A partir deste texto identifique:
1) O país em que vive.
2) O nome do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques.
3) O ano que marcou a independência.
II.
As invasões francesas aconteceram no início do século XIX (dezanove). Responsáveis por elas foram os franceses. Na primeira invasão francesa, um general chamado Louis Henri Loison stressava bué todo o povo e era maneta. Dessa altura ficou a expressão "ir p'ró maneta".
Partindo deste texto, escolha a resposta correcta à seguinte pergunta: "Quem era maneta?"
a) O Loison maneta.
b) Todo o povo.
c) "Eh, eh!... Maneta!..."
Cotação das perguntas e grelha de correcção
Do grupo I:
1) A pergunta vale 4 valores. O aluno deve escrever Portugal, tendo, nesse caso, a cotação completa. Caso se limite a sublinhar, no texto, a palavra "Portugal", a resposta deverá ser classificada com apenas 3,5 valores. Se a resposta não for Portugal mas, ainda assim, for o nome de um país, serão atribuídos 3 valores.
2) A pergunta vale 5 valores. O aluno deve escrever "D. Afonso Henriques" para obter a cotação completa. Se não conseguir, deve ser premiada pelo esforço com a mesma cotação, para evitar contrariedades, porque as crianças e jovens têm direito a sorrir e brincar. O sorriso e a brincadeira são o combustível da alegria dos mais novos, que os adultos não podem prejudicar, com a sua obsessão pela disciplina. [Com a colaboração de Eduardo Sá.]
3) A pergunta vale 7 valores (é a mais difícil do grupo). A correcção deve, aqui, ser muito rigorosa, não sendo cotada com mais de 6 valores qualquer outra resposta numérica.
Do Grupo II:
A resposta certa é a "a)", mas a mais divertida é a "c)". A "b)" é improvável, mas agora já não há maneira de saber se é verdadeira ou falsa. Neste grupo, não há propriamente cotação, porque seria excessivo fazer o aluno passar por (ainda mais) classificações, depois de ser posto à prova no primeiro grupo.
Nota final: quem estranhar a prova não estar cotada para 2o valores (uma vez que 4+5+7 = 11), saiba que os 12 valores restantes são sempre atribuídos à partida, ao abrigo do princípio da "classificação mínima garantida".