8.5.08

Conselhos práticos Incontinental - As relações com os media

Caro leitor, se é um sociopata que enfrenta a sua primeira investigação criminal ultra-mediática, usar os próprios meios de comunicação social para passar a mensagem que é uma pessoa comum, um "homem da casa do lado", parece-nos uma excelente opção!
Ora, para cumprir tal desiderato pensamos que o melhor mesmo é arranjar um terceiro que o represente: alguém que tenha um ar respeitável, simpático e lavado para aparar a aspereza do primeiro embate com as câmaras e os microfones. Dica: o seu advogado não serve apenas para lhe comer o dinheiro enquanto diz coisas incompreensíveis. Por isso, faça do seu mandatário o seu núncio mediático!
Aqui chegados, há que estabelecer o teor do que deve ser comunicado aos media. Lembre-se: uma mensagem pessoal, escrita pelo seu próprio punho, pode ser a pedra-de-toque para despertar a empatia no público! Então, o que deve ter a sua mensagem? Dica: Seja directo! Comece, desde logo, por atacar de frente as insinuações mais vis: «Eu não sou um monstro», quando dito por uma voz segura com um timbre modulado, pode ser, em vez de uma linha de chegada, um fundamental ponto de partida! Estabelecido esse pressuposto, comece daí a tocar a alma das pessoas!

Um conselho muito, muito importante: chegado a este ponto, quando as pessoas começam a querer abrir-se para si e vê-lo como um par, um ser modesto e humilde como eles que apenas quer levar uma vida normal, simpática e corriqueira, uma espécie de "vizinho da frente que é uma simpatia e às vezes vem jogar uma sueca cá a casa mas ao qual não se pode contar muita coisa pessoal porque, como é reformado, já não tem vida própria, pelo que sente a natural necessidade de viver a dos outros", nunca - NUNCA! -, em nenhuma circunstância, para se justificar diga qualquer coisa como «Podia tê-los matado a todos e nunca se saberia»...
É que, parecendo que não, quebra-se aquela ligação empática que com tanto labor se tentou lograr.