27.1.06

O Provedor do Incontinental responde aos leitores - I

Joseph R., provedor do Incontinental (fotografia de arquivo)


O Incontinental é uma publicação respeitável e goza de mais credibilidade junto dos internautas do que o armador do Prestige junto dos apanhadores de lapas da Galiza. Pela sua redacção passaram grandes nomes do jornalismo, alguns com oito ou mais sílabas.
O redactor-editor-director-mahatma deste blog fez questão, desde a primeira hora, de colocar à disposição dos estimados leitores um provedor, de seu nome Joseph R., que acumula o cargo com funções pontifícias em Roma. O que aqui se publica, com espírito de abertura democrática, são as interpelações dos leitores e as respectivas respostas do senhor provedor, sempre em sete línguas, das quais transcrevemos apenas o português.


"Confio no Incontinental mais do que em qualquer outra fonte de informação. Na noite das eleições presidenciais, desliguei a televisão e o rádio, por considerar que nenhuma estação era merecedora da minha confiança. Decidi acompanhar tudo pelo vosso blog e fui carregando no botão "refresh" do Internet Explorer de 10 em 1o segundos até hoje, terça-feira, dia 24. Estou um pouco zonza, sangro abundantemente da unha do indicador direito e ainda não sei quem ganhou as eleições."
Maria Papoila, Vila Nova de Gaia
Cara Senhora,
infelizmente, só temos más notícias para si. Na verdade, o Incontinental fez uma cobertura das presidenciais que não teve paralelo na comunicação social portuguesa. Enquanto as televisões recorriam a arcaicas animações computorizadas e gráficos tridimensionais, nós colocámos um chip na cabeça de todos os eleitores portugueses. Ficámos, assim, com um retrato fiel do sentimento nacional, o que nos permitiu concluir, ainda antes do fecho das urnas, que a maioria das pessoas pensava que ia votar para o melhor treinador europeu ou escolher o final da telenovela "Mundo Meu", embora estranhamente todos tenham esperado encontrar no rol o candidato Garcia Pereira. Acabou por ganhar o candidato de Boliqueime, com 3 milhões de bigodes e um milhão e meio de barbas desenhadas pelos eleitores. Alegre foi desclassificado por fraude, ao tentar passar fotografias já com barba. Jerónimo ficou prejudicado pelo facto de cerca de 50 milhões de comunistas portugueses ainda não terem percebido que podem sair da clandestinidade, vivendo todos numa cidade secreta construída no subsolo entre a segunda ponte do Feijó e Azeitão. Soares não saiu beneficiado ao ser o último da lista num país onde a população é pouco dada à leitura. Muitos quiseram votar em Louçã, mas o segundo nome, Anacleto, era demasiado cómico. Por fim, Garcia Pereira executou mais uma vez o número clássico de votar repetidamente, usando múltiplos disfarces, até ser descoberto. Desta feita, conseguiu votar 23622 vezes (ultrapassando a sua marca pessoal, mas ainda abaixo do primeiro do ranking mundial, Robert Mugabe), tendo sido detido em Nelas, pela GNR local, envergando uma armadura de latão.

Com este relato exclusivo, esperamos ter merecido o perdão da estimada leitora. Tentámos publicá-lo antes, logo no dia 22, mas fomos interrompidos pelo discurso de Manuel Alegre, que Deus castigou imediatamente, através de um dos seus anjos (o das muletas).