A física quântica de Manuel
Manuel Monteiro afirma que o sistema eleitoral é uma fraude. O experiente político vai agora lançar-se a partir de Braga com um movimento que me parece novo, mais novo ainda do que a Nova Democracia, que agora é a velha e bafienta democracia. O seu coração bate agora pelo Movimento do Minho. Manuel Monteiro parece dominar, aqui, o complexo sistema dos círculos concêntricos da política, que consiste em começar a carreira num círculo pequeno (CDS-PP) e, num movimento que baralha os adversários, desenhar um outro ainda mais pequeno (Nova Democracia), para logo se mostrar desgastado pela imensidão deste último, procurando então formar um outro ainda mais pequeno, e assim sucessivamente.
A circunstância de a maioria dos políticos tentar o percurso inverso não demove Manuel. O seu objectivo é claro: reduzir sucessivamente a sua pool de suporte, até dar um novo sentido à expressão "círculo uninominal", altura em que as várias partículas que compõem o seu corpo se começarão a desintegrar, cada uma ávida por afirmar a sua independência face às demais. O colapso que se seguirá provocará uma espécie de "big-bang" ao contrário, restrito à pessoa de Manuel Monteiro, fenómeno que vários físicos aguardam com contida mas indisfarçável emoção. Segundo a tese mais divulgada, o sobressalto quântico daí resultante levará à formação, no local onde antes se encontrava Manuel Monteiro, de uma nova e minúscula super-partícula, plena de energia, emitindo uma brilhantíssima luz branca. Esse cintilante ponto branco alojar-se-á, depois, entre os dentes de Paulo Portas, assim encerrando um ciclo de muitos anos, precisamente onde começou.