Investigação histórica no Incontinental: o problema recorrente das provas de matemática

Segundo apurámos, o problema do insucesso a matemática seguido de estrondoso sucesso no ano seguinte não é novo. A História, meus caros, repete-se como um velho senil.

Revolvendo as fontes, descobrimos que, no século II a. C., os romanos sentiram na pele o problema da falta de conhecimentos de matemática, quando ocuparam a Península Ibérica.

Usámos um método muito fiável - a comunicação com os mortos, através de um medium - para determinar o que se passou então. A primeira experiência não correu bem, pois recorremos a Alexandra Solnado. Esta explicou-nos que não é medium e só fala com Jesus. Porém, Jesus não nos pode ajudar, pois nunca cá veio, nem sequer de férias.

Falámos então com um medium a sério, que nos pôs à conversa com Numerus Primus, responsável pelo pelouro da educação do império romano na Península.

Segundo ele, "aquilo era péssimo. No ano em que chegámos, a média dos alunos da Península era I. E só não era pior porque em numeração romana não existe o zero.

Resolvemos, a partir daí, baixar a dificuldade dos testes, um pouco ao sabor da política de adaptação das normas ao espírito próprio das províncias. Por exemplo, na Gália, adaptámos o conceito de luta corporal, para a qual eles se revelavam absolutamente inaptos, transformando golpes em beijinhos.

Voltando à Ibéria, o plano passou por baixar, então, a exigência das provas. No último ano que aí passámos, mesmo antes de começarmos a levar no focinho, a média chegou a XIV!!!

Os testes só tinham contas de somar e o resultado nunca era superior a III, para se poder resolver só contando os paus. Foi um sucesso. A Roma chegou a notícia do milagroso crescimento de sabedoria do povo, por estas bandas.

Na verdade, até mesmo os testes de latim eram muito facilitados, esquecendo as declinações e permitindo uma adaptação bastante livre das palavras originais. O último exame que demos tinha o seguinte texto para comentar:

"Manuelis campus verdejantis mirabat. Toiradas curtiat e erat forcadus. Por minimus assuntus in porrada andabat. Malucus erat mesmus."