"Júlio César: A Verdade da Mentira", por Gonçalo Amaral
O Incontinental antecipa a grande novidade editorial do Verão de 2009 com um ano de antecedência. Em "Júlio César: A Verdade da Mentira", Gonçalo Amaral lança toda uma nova luz sobre o homicídio do grande político romano.
Resumimos aqui, um pouco ao jeito dos resumos escolares dos clássicos da literatura, a obra futura do famoso ex-Inspector da PJ, actual escritor de não-ficção ficcionista (um género inteiramente novo), e futuro "you're my bitch, now" indemnizatório dos McCann.
"Num certo dia de 44 antes de Cristo, Júlio César levantou-se um pouco antes da hora prima e não chegaria a ver a hora duodecima desse dia. Para a "História" ficou o relato de um assassinato às mãos de Brutus e Cassius, mas tudo não passou de uma farsa muito bem montada por aqueles que, até hoje, tentaram esconder o seu rosto da verdade.
Júlio César não era filho de Caius e Aurelia, como muitos escreveram precipitadamente, mas sim de Catia e Geronimus Maccannus, dois curandeiros bretões. Apesar de Júlio César já ter mais de 50 anos em 44 a. C., encontrava-se ainda inteiramente dependente dos seus progenitores, que o deixavam, muitas vezes, ir sozinho para o Senado, enquanto eles ficavam a beber ânforas atrás de ânforas de vino, nas várias colinas romanas, que viam a dobrar. Seguiam, depois, para longos bacanais, com outros bretões, negligenciando o seu rebento que, sem qualquer protecção ou vigilância, procedia a profundas reformas administrativas em Roma.
Naquele dia fatal - os idos de Março - Júlio César saiu da villa de seus pais para o Senado e, tendo-se esquecido de um ou dois papiros, voltou atrás, para encontrar Catia e Geronimus envolvidos em práticas de sado-masoquismo com outras trinta ou quarenta pessoas de mau porte, envolvendo chicotes e ferros afiados. Surpreendidos pelo seu pequenito, Catia e Geronimus tentaram esconder a parafernália erótica, mas, num infeliz acidente, acabaram por ferir de morte o pobre Julius.
Numa manobra de um arrepiante sangue-frio, embrulharam o seu corpo numa manta e abandonaram-no nas escadas do Senado. Quando o seu corpo foi descoberto, Brutus (de seu nome completo Robertus Muratus Brutus), que tinha muita estima por Julius, tentou ajudar nas investigações, traduzindo perguntas de latim para bretão e de bretão para latim. Os Maccannus, porém, insidiosamente, espalharam o boato de que Brutus actuava de forma demasiado voluntariosa, lançando a suspeita de que poderia estar implicado no assassinato de Júlio César. Brutus teve, por isso, que passar muitos meses a dar explicações a um pretor.
A orquestração foi tão bem montada que foi essa a versão que a História consagrou. Assim se esqueceram provas essenciais, como o sangue de Júlio César, que cães pisteiros do exército romano farejaram na quadriga dos Maccannus, e, acima de tudo, a indemnização que Brutus, mais tarde, recebeu do pretor, por ter sido anunciado, na acta diurna (um antepassado da imprensa diária), o seu envolvimento no triste desfecho do jovem cinquentão Júlio César."