10.6.08

O país a ferro e fogo

O blog Incontinental soube hoje que as manifestações de desagrado continuam a endurecer por todo o país.

Segundo nos relatou uma fonte que pediu o anonimato (= borrada de medo), um grupo de estudiosos da obra Luís de Camões - camonistas - foi apedrejado hoje, à saída da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, quando tentava dirigir-se à Biblioteca Geral da mesma Universidade.

Os autores da agressão foram outros camonistas, que protestavam contra o aumento dos combustíveis e queriam impedir os colegas de trabalhar.

Segundo nos explicou Desidério de Sá, líder dos camonistas, "isto só funciona se todos pararem. Quando o país acordar amanhã sem nenhum camonista a lamber papel, o Governo vai perceber que não tem saída".

Do lado dos agredidos, Anacleto Ventura lamentava a falta de civismo dos camonistas mais radicais: "Eles têm que respeitar quem quer trabalhar, mas andam a ameaçar toda a gente. Rasgam os nossos exemplares dos Lusíadas com navalhas e queimam os sonetos com maçaricos."

Um outro cromo explicou-nos que os camonistas nem são os piores. "Os Maias (grupo dissidente de queirosianos, com sede na Maia) organizaram uma marcha lenta na A3, durante a qual leram em voz alta, romances da Harlequim, como simbólico acto de protesto."

Já o grupo mais radical - os temidos Garrettianos de Massamá - chocou o mundo das letras ao levar à cena a tragédia Mérope substituindo uma parte dos diálogos por outros tirados da comédia Dona Filipa de Vilhena, o que originou violentíssimos confrontos, nos quais foi severamente espancado um repórter da revista Ler.