4.3.08

«Esta história é verdadeira, sabias?»

O Tom Waits - doravante, Deus - dava-nos este cenário: estar a ver um filme mau, mesmo deprimente de mau, e alguém dizer: «sabes, isto é uma história verdadeira...», ao que lhe ocorria a pergunta mental "does that really improve the film"?

E isto devido a duas belíssimas notícias da incontornável secção "Vida" do Sol online:
«Aos 16 anos Pamela deu à luz trigémeos pela segunda vez. Aos 14 teve o primeiro filho, mas um ano antes já tinha sofrido um aborto espontâneo. Fez 17 anos na semana passada e já soma sete filhos»(link)
e
«Um jovem de 21 anos que teve o primeiro flho aos 13 está prestes a ser pai pela sétima vez, noticia esta segunda-feira o site da BBC» (link)

[assim mesmo, sem pontuação final. Se o Saramago usa a dele e ganhou um Nobel da Literatura e - bem mais importante - conseguiu sair deste buraco rectangular e ir viver para um país a sério, quem somos nós para exigir rigor do Sol?]

Mas, atenção! [viram como coloquei um ponto de exclamação, mas ainda não imaginam que a seguir vem uma vírgula pois não?], [lá está! Do caraças, hã?!...] esta segunda história (verdadeira) tem ainda uma maneira adorável de informar, fornecendo factos pouco rigorosos sem que pareçam ter qualquer coisa que os relacione entre si. Uma doçura:
«Chama-se Keith MacDonald e é um ‘macho latino’ em Washington, no Reino Unido, já que, segundo a BBC, todo os filhos são de mulheres diferentes.

Dizendo que não planeia vir a ser pai novamente, o jovem reconhece que não tem meios financeiros para suportar a criança, dado estar desempregado.

Os fabricantes de preservativos reportam vendas baixas naquela região, ainda de acordo com a BBC.
»

Chega a ser comovente a forma como os jornalistas do Sol não sentem qualquer necessidade de fazer sentido quando contam uma história...
Quase como uma mulher, quando discute - fazia aqui um parêntese (que é mais um hífen seguido de um conjunto incoerente de orações separadas por vírgulas. Isto é que é um parêntese) para dizer que esta última frase não pretende, de nenhuma maneira, apoucar todo o género feminino, tendo-se decidido, conscientemente, escolher a patetice em prol do humor. São muito fofinhas, as mulheres. E há mulheres muito inteligentes! Muitas delas bem mais inteligentes que os escribas aqui do tasco. Também há mulheres estúpidas. Mas são tão boas...