2.11.07

Crítica de... cinema???

Não sei bem como hei-de começar isto, mas aqui vai: fui ver o filme Corrupção.

Antes de mais, convém fazer uma declaração de (não) interesses: não ligo patavina à bola e não me dá abalo nenhum que digam bem ou mal de alguém ligado ao futebol.

Posto isto, falemos da fita. Comecemos pelas coisas boas: Nicolau Breyner é um bom actor e a Margarida Vila-Nova parece ter apanhado muito bem a pinta da senhora "visada".

As coisas más são infindáveis:
- em quase todas as cenas, os actores falam a olhar para a câmara (é absolutamente inexplicável), como se fossem miúdos filmados num documentário da escola;
- por muitas pessoas que entrem numa cena, todas formam uma espécie de anfiteatro, olhando para o mesmo ponto (isso mesmo, a câmara), mesmo que a cena em causa seja um bar apinhado de gente;
- as situações são muito pouco credíveis e, em particular, as do tribunal não têm ponta por onde se lhes pegue;
- a fotografia é para lá de péssima (parece tudo feito nos anos 80);
- mais do que linha narrativa, há uma colagem sucessiva de cenas, muitas delas inúteis e/ou muito vistas e/ou inconcebivelmente parolas;
- a acção é anedótica (a cena do espancamento de "um deputado" parece-se com as cenas de pancada do Duarte & Companhia, mas é pior);
- enxerta-se à martelada, sem jeito nenhum, uma relação amorosa entre a protagonista e um agente da PJ, recheada de cenas pacóvias (v.g. partidas de comboio, momentos cintilantes na praia, etc.); e
- a banda sonora parece escolhida para acompanhar um vídeo amador de casamento (ópera que surge a despropósito e, por tudo e por nada, música de puti-club, ainda que não tenha a ver com o que se passa).

Não estava à espera que fosse bom, mas excedeu tudo o que imaginei de mau. É meta-esterco.