8.11.07

Allah que se faz tarde

Todas as questões filosóficas da humanidade recente, «Deus existe?», «Andará Ele a dormir?», «O que é o Belo?», «Onde se pode encontrar um bom restaurante a partir das 23h?», entre muitas outras, podem ser, afinal, respondidas com o simples recurso a duas palavras: Tarik e Sektioui.
Deus move-se por caminhos misteriosos, seja qual for o nome que o Homem lhe queira dar.
Tarik Sektioui, profeta, ideólogo, geómetra indescritível e extremo direito/esquerdo do plantel dos Dragões, onde ostenta o n.º 17, é um muçulmano nascido há 30 anos na bela localidade marroquina de Fez. E um bom muçulmano. Em coerência, o "Prof. Doutor" Sektioui, chegado o nono mês do calendário islâmico, o Ramadão (رَمَضَان), pratica o jejum ritual (صَوْم), altura em que apenas ingere líquidos durante o dia, reservando a verdadeira comezaina para o período da noite. Por outro lado, deve o bom muçulmano, durante o Ramadão, rezar cinco vezes por dia e, para além de qualquer contacto íntimo lhe estar fora do alcance, deve também abster-se de pensar nisso sequer (não sei como é que isto se consegue ou o seu incumprimento é fiscalizado. Mas, como estamos a falar de Deus...).
Ora, este regime - parecendo que não - enfraquece o corpo. Este era, então, o Tarik do Ramadão:


Forte da presença de Allah, mas fraco nas apetências futebolísticas, Tarik queria meter um golo simples face à Académica de Coimbra, altura em que o divino lhe vociferou um sonoro, gutural e redondo «não!». Tarik obedeceu, lembrando-se, talvez, do célebre versículo do Corão que diz «cumpre escrupulosamente o teu Ramadão e levantarás multidões que estejam perfiladas em bancadas desniveladas onde se pratiquem competições desportivas».
E, lá está!, depois de um sério aviso praticamente ignorado, é canalizando Tarik Sektioui que o Divino, no ano de 2007, mês de Novembro, dia 6, pelas 20.10h (mais-coisa-menos-coisa), nos diz que Ele próprio existe, que não está a dormir, mostrando-nos o Belo:


Logo se quis atribuir esta obra de arte a Allah que, lá do alto (creio que é daí que ele vê a bola), tocou com a mão no ombro de Tarik Sektioui. Mas O Incontinental, sempre bem relacionado com as mais altas esferas, sabe que não foi um toque no ombro de Allah que originou a erecção de tal monumento. Bem visto, e pensando na qualidade futebolística normalmente evidenciada por Tarik Sektioui (entre o mediano e o sofrível), fácil é de concluir que foi mesmo um valente chuto no cu aquilo que Sektioui terá sentido da parte do Divino.
Instado Tarik, o marroquino apenas conseguiu dizer a'O Incontinental: «eu não sei o que se passou, mas a verdade é que hoje dói só de pensar em me sentar».

Fica apenas por responder em que estabelecimento de restauração se pode satisfatoriamente a partir das 23h.