O enlevo do debate
Depois de alguma desconfiança inicial - pela qual me penitencio -, começo a achar que a Igreja Católica portuguesa é, realmente, uma instituição pedagógica e educativa, mantendo, por exemplo, o nível do debate sobre o referendo de 11 de Fevereiro numa bitola altíssima.
Concorde-se ou não com as posições da Igreja, creio que todos os alunos do preparatório e secundário deviam dissecar tais tomadas de partido, escritas ou orais (vá lá, não sejam porcos!), destacando as excelentes figuras de estilo usadas pelo clero.
Assim, ontem tivemos a comparação, vinda do Bispo de Bragança: "o aborto é como a execução de Saddam". Aplaudi a figura de estilo, apesar de me parecer um "poucochinho" forçada - mas também já se conhece as liberdades a que se dão os autores, a bem da arte.
Hoje, o Cardeal-Patriarca de Lisboa puxou dos galões e respondeu àquele em forma de metáfora: "Aborto é atropelo à civilização".
Rezamos à Igreja Católica que os argumentos não morram por aqui e propomos alguns exemplos:
Dentro da metáfora, há ainda a considerar:
- Imagem, "O embrião, qual ramo verde, não pode ser quebrado pelo machado cego (aqui com uma prosopopeiazinha!) da pseudo- modernidade dos defensores do Sim";
- Simbolismo: "Temos que ser leões na defesa do Homem, só assim equilibrando a balança do desenvolvimento. Derrotemos os abutres, votando não!";
- Alegoria: "Este cancro aparece de todas as formas, disfarçado de um falso respeito pela vida e propalado pelos fatos e gravatas mais insuspeitos da sociedade, com o seu ar saudável e morte no hálito.";
- Sinestesia: "Olhem para o riso de alfazema das crianças! Olhem com os ouvidos, com o coração, homens de bem! Sintam os seus olhos puros e toquem a vossa consciência, quando forem votar!";
Quanto a outras figuras de estilo, não se esqueçam:
- Sinédoque: "Não deixeis que o bisturi colha, livremente, o ventre, como defende o Sim...";
- Antonomásia:"Não podemos ir a reboque dos Berloques e Comunas, que rejeitam o Sagrado!";
- Antítese: "O sangue quente da Vida não pode ser tolhido pelo frio metal do bisturi...";
- Ironia: "Ah... esses defensores do aborto, tão puros nos seus ideais. A vida humana primeiro que tudo. Melhor resolver o problema de maneira simples, por quem manda não barriga, não é?";
- Hipérbole: "Defender o Sim é compadecer-se com a verdadeira chacina de inocentes";
- Eufemismo: "Iremos entregar de mão beijada a alma de quem não tem culpa, nem pediu para existir, ao Criador?";
- Disfemismo: "Se o Sim ganhar, serão bastantes as criancinhas que esticarão pernil...".
Concorde-se ou não com as posições da Igreja, creio que todos os alunos do preparatório e secundário deviam dissecar tais tomadas de partido, escritas ou orais (vá lá, não sejam porcos!), destacando as excelentes figuras de estilo usadas pelo clero.
Assim, ontem tivemos a comparação, vinda do Bispo de Bragança: "o aborto é como a execução de Saddam". Aplaudi a figura de estilo, apesar de me parecer um "poucochinho" forçada - mas também já se conhece as liberdades a que se dão os autores, a bem da arte.
Hoje, o Cardeal-Patriarca de Lisboa puxou dos galões e respondeu àquele em forma de metáfora: "Aborto é atropelo à civilização".
Rezamos à Igreja Católica que os argumentos não morram por aqui e propomos alguns exemplos:
Dentro da metáfora, há ainda a considerar:
- Imagem, "O embrião, qual ramo verde, não pode ser quebrado pelo machado cego (aqui com uma prosopopeiazinha!) da pseudo- modernidade dos defensores do Sim";
- Simbolismo: "Temos que ser leões na defesa do Homem, só assim equilibrando a balança do desenvolvimento. Derrotemos os abutres, votando não!";
- Alegoria: "Este cancro aparece de todas as formas, disfarçado de um falso respeito pela vida e propalado pelos fatos e gravatas mais insuspeitos da sociedade, com o seu ar saudável e morte no hálito.";
- Sinestesia: "Olhem para o riso de alfazema das crianças! Olhem com os ouvidos, com o coração, homens de bem! Sintam os seus olhos puros e toquem a vossa consciência, quando forem votar!";
Quanto a outras figuras de estilo, não se esqueçam:
- Sinédoque: "Não deixeis que o bisturi colha, livremente, o ventre, como defende o Sim...";
- Antonomásia:"Não podemos ir a reboque dos Berloques e Comunas, que rejeitam o Sagrado!";
- Antítese: "O sangue quente da Vida não pode ser tolhido pelo frio metal do bisturi...";
- Ironia: "Ah... esses defensores do aborto, tão puros nos seus ideais. A vida humana primeiro que tudo. Melhor resolver o problema de maneira simples, por quem manda não barriga, não é?";
- Hipérbole: "Defender o Sim é compadecer-se com a verdadeira chacina de inocentes";
- Eufemismo: "Iremos entregar de mão beijada a alma de quem não tem culpa, nem pediu para existir, ao Criador?";
- Disfemismo: "Se o Sim ganhar, serão bastantes as criancinhas que esticarão pernil...".