14.11.06

Um conto light...

"Como era bonito, o Menino, todo vestidinho, todo arranjadadinho, o enlevo das tias, o ai-jesus das vizinhas, a perdição da madrinha a sério e das outras postiças. Era muito esperto para a idade, de resposta na ponta da língua, com aquele atrevimento indómito, insolência para uns, uma gracinha para outros. O Menino era um espanto e ninguém se cansava de o dizer, muito menos ele de o ouvir.
E havia, claro, o cavalinho. O Menino era doido pelo cavalinho, sempre lustroso, no jardim, como se houvesse esperado por ele toda a vida. O menino nunca tinha andado no cavalinho, porque outros meninos o ocupavam todos os dias, muito sérios, muito direitos, muito tontos, sem a rebeldia original do Menino. O cavalinho começou a invadir-lhe os sonhos, a dar pinotes. O Menino sentia-lhe o cheiro sem nunca o ter cheirado, soltava-lhe o freio e largava a galope.
No dia em que, inesperadamente, o cavalinho vagou, o Menino nem queria acreditar. Lançou-se para cima dele com toda a força, prendeu-se bem e arrancou a toda a brida. Não tinha dado duas voltas quando meia dúzia de brutos (sem rosto!, sem honra!) pegaram nele e o deitaram ao chão. Nunca mais agarrou o cavalinho, que só ele sabia montar..."


Now on a totally unrelated matter, Santana Lopes lançou um livro sobre a sua governação.