O ténue fio da vida
Às 6:52 da manhã, em jejum, saí de casa, entrei no carro e liguei-o. Sem aviso, sem que o pudesse esperar, o rádio, sintonizado na TSF, devolveu-me uma música dos Delfins ("sou como um rio..."), naquela agonia persistente que a banda confunde com o acto de cantar. Uma onda de náusea com epicentro no estômago propagou-se imediatamente ao resto do corpo. Felizmente, perdeu a força algures a meio do esófago e resolveu-se num breve soluço. Agora, tenho medo de, inadvertidamente, entre uma mudança de canais, apanhar uma reposição de programas da Marina Mota ou do menino Tonecas e o meu coração não aguentar tanta desgraça num dia só.